sábado, 10 de julho de 2010

EMÍLIA FERREIRO E O SABER DA CRIANÇA

Considerar a língua escrita como objeto vivo é romper fronteiras entre a escola e o mundo ( Emília Ferreiro )

Emília Ferreiro produz uma verdadeira revolução na alfabetização na década de 80, desmontando explicações que havíamos construído ao longo de décadas para justificar o fracasso escolar.
Ela faz uma pesquisa se perguntando porque o aluno não aprende a ler e a escrever.
Estudou os fatores que levaram o sujeito a não aprender.
Emília diz que a aprendizagem da leitura e da escrita não se limita a sala de aula, mas se inicia muito antes de entrar para a escola, a alfabetização se dá através de fatores sociais, culturais, políticas e psicolinguísticas.
Hoje ler e escrever exige que o aluno aprenda a escrever e a entender o que está escrevendo ou lendo.
Através desse conceito de Emília, as cartilhas, os métodos de ensino e as práticas tradicionais deixam de ser o foco das perspectivas de inovação.
O aluno passa a ser um sujeito que tem sua história fora da sala de aula, é visto como um ser que tem conteúdo e que pensa.
Através das pesquisas se descobre que as crianças tinham idéia sobre a escrita muito antes de irem a escola para aprender.
A partir daí o professor passa a se preocupar com o desempenho do aluno em ler e escrever através dos aspectos formais.
Como o reconhecimento das letras e o estabelecimento das relações entre elas e outras marcas de representação como a pontuação, os números e os desenhos.
Nos anos seguintes, outros estudos foram realizados sempre com a preocupação de compreender as regularidades observadas na construção da escrita e os processos psicológicos com relação à aprendizagem.
Entretanto, os professores ansiosos por conseguirem resultados para o índice de reprovação e fracasso escolar, acabaram fazendo das pesquisas como mais uma metodologia de trabalho do que um estímulo à reflexão ao estudo e ao planejamento de práticas compromissadas com os educandos.
E assim uma série de modismos pedagógicos foram surgindo, inventados pela má interpretação dos princípios psicogenéticos.
As concepções de Ferreiro encontram opositores como o chamado método fônico que sempre foi e ainda é reforçado pela escola ( método tradicional de ensino ) ou por provas científicas que afirmam que o método fônico traz resultados significativos na construção da aprendizagem da leitura.
O objetivo da pesquisadora não foi de criar mais um método, mas sim a ênfase nos processos de aprendizagem, uma aproximação maior entre a educação e a pesquisa, busca de estratégias interdisciplinares que tentam dar mais sentido ao conhecimento escolar.



CRISTIANE MARIA DE LIMA ARRUDA
RA: 1012316

FONTE: A escrita antes das letras. E. Ferreiro, em A produção de noções na criança: linguagem, número, ritmos e melodias, H. Sinclair ( org.) . Cortez 1990
Cultura escrita e educação. E. Ferriero. Artemed, 2001
Coleção memória da pedagogia, número 5: Emília Ferreiro: a construção do conhecimento. São Paulo: Segmento Duetto 2005

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