domingo, 25 de julho de 2010

Elisabeth da Silva Camargo















O Papel transformador do Pedagogo



É de suma importância, o reconhecimento e assunção de nosso papel transformador, papel este, que talvez até inconscientemente, assumimos no momento em que escolhemos cursar a faculdade de Pedagogia.

Parei para refletir, sobre meu compromisso com a transformação, quando assisti nessas férias o filme " O Contador de Histórias".
O filme conta história real do menino Robeto Carlos Ramos, menino pobre, nascido na década de 1970, filho mais novo dentre dez irmãos. Mesmo com a vida se tornando cada dia mais difícil, Roberto era dotado de um grande poder de imaginação e criatividade, e vivia muito feliz sob a proteção de sua mãe.
Porém, a situação financeira de sua família começou a piorar. Foi quando a mãe dele, assistindo a um programa de televisão, viu uma propaganda sobre a FEBEM, instituição recém criada pelo governo, que segundo a propaganda preparava um futuro melhor para crianças que passavam por dificuldades, preparando-as para se tornarem médicos e doutores. Roberto foi escolhido, pelo fato de ser o filho caçula, para ser internado pela mãe nesta instituição.
Assim, segundo a propaganda, ele teria acesso à alimentação, moradia e educação de boa qualidade. A propaganda se valeu de uma ferramenta muito poderosa para convencer tantos pais a abandonarem seus filhos nesta instuição: a Ideologia. Através dela, ocultou a verdadeira realidade de castigos e sofrimentos, maquiando-a sobre a forma de um futuro promissor que seria alcançado através da FEBEM.

Aos seis anos, Roberto foi deixado pela sua mãe na FEBEM. Lá ele aprendeu o significado da solidão. Aprendeu, que se fingisse ter problemas de aprendizado poderia ganhar mais comida, as aulas que lhe eram dadas não eram motivantes. Aos sete anos, já era considerado adolescente pela instituição, e foi transferido de unidade, onde passou a conviver com meninos mais velhos. Nesta nova ala, Roberto passava por severos castigos físicos, tinha de falar muitos palavrões para se impor aos demais e se envolveu com péssimas companhias. A revolta se enraizava cada dia mais em seu coração. Esse dilema ocorre em diversas famílias brasileiras, onde mesmo sofrendo com a falta de condições, é preferível padecer junto a própria família a ser abandonado em uma instituição.

Dos sete aos treze anos, Roberto já acumulava mais de cem tentativas de fugas, envolveu-se com drogas e roubo, era considerado irrecuperável. Foi quando conheceu a Pedagoga Margherit Duvas, ao invés de recriminá-lo se propôs apenas a ouví-lo, queria saber sua história, tratava-o com educação, algo que ninguém havia usado com ele. A Pedagoga enxergava-o apenas como um menino, não via o rótulo de irrecuperável, algo que devemos exercitar em nossas vidas e profissão: o não-julgamento.

Mesmo com o interesse da Pedagoga em ajudá-lo, Roberto foge mais uma vez e se envolve com um grupo ainda mais violento, essa experiência, no entanto, foi amarga, ele sofreu séria violência física e sexual praticada por esse grupo. Meninos em condição de abandono, muitas vezes, procuram a proteção que perderam da família, em grupos, que consideram fontes de proteção.

Envergonhado e ferido, ele procura abrigo na casa da Pedagoga. Ela começa uma emocionante batalha em busca da recuperação do garoto, oferecendo sua casa e a oportunidade de aprendizado ao menino. O menino se sentiu importante, protegido e amado, o que foi o passo inicial para que ele desejasse a própria recuperação.

Com amor e paciência ela consegue recuperar o garoto. Ele se alfabetiza, tomando extraordinário gosto pelo mundo das histórias, da literatura. Foi morar na França, onde terminou sua formação, sempre sob a tutela e proteção da Pedagoga.

Voltou para o Brasil, onde se tornou professor. Procurou a mãe, e mesmo depois do abandono, a perdoou. Margherit, depois de todo o esforço que fez pela recuperação do garoto, poderia ser egoísta, querer que ele permanecesse ao seu lado, aprisionando-o. Porém, ela nos demonstra que o verdadeiro amor consiste em dar liberdade a quem amamos.

Voltou para o lugar que mais lhe trouxe tristezas na vida: A FEBEM. Porém, desta vez em um novo papel: o de Educador. Depois de todas as violências sofridas, do estupro, seria natural que Roberto fugisse deste passado que lhe aterrorizava. Porém, se ele fugisse viraria as costas para meninos como ele, que precisavam de uma oportunidade para mudar suas vidas.

Tornou-se um contador de histórias, um dos melhores do mundo. Adotou cerca de treze meninos da FEBEM, muitos, tal como ele, foram considerados irrecuperáveis. Ele exerceu desta forma sua função transformadora, transformação, que tempos atrás mudou sua vida.

Através deste filme, aprendemos as qualidades essenciais para exercer nossa principal função como pedagogos: A Transformação. Conseguiremos transformar nosso mundo se tivermos em primeiro lugar a Coragem, e depois a Esperança, o Amor libertador, a Persistência e a ausência de Julgamentos e Preconceitos.

E além destas qualidades, também a Curiosidade, de nos questionar por que a recuperação foi possível no caso de Roberto, quando ela se torna impossível para tantos menino na mesma situação? Qual será nosso papel diante desta constatação? Que este filme seja um convite a reflexão à mudança.

Título Original:

O Contador de Histórias. Duração: 100 minutos, drama. Diretor: Luiz Villaça, Brasil, 2009.


BIBLIOGRAFIA

Site consultado em 25/07/2010 às 18:45 min.

Elisabeth da Silva Camargo RA 1014593

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